Mais uma participação bacanuda na seção Essenciais (sim, agora ela abrange tudo, não dós discos 😀). Desta vez, temos a participação do escritor, roteirista e filósofo brasileiro Alexey Dodsworth, um dos autores de As Confissões da Bahia Em Quadrinhos, que falei um pouco mais neste post aqui. Dodsworth escole os livros e HQs que mais o inspiraram. Confira!
X-Men: Deus Ama, o Homem Mata - Chris Claremont
Publicada nos anos 80, quando eu era adolescente, este romance gráfico de Chris Claremont é provavelmente o primeiro que eu li. Me marcou profundamente, por contar a história dos mutantes, uma minoria perseguida por fanáticos religiosos. O pecado? Serem diferentes. Os X-Men são sabidamente uma poderosa alegoria sobre a população LGBTQIA+ e a importância de lutar por um mundo que respeite a diversidade.
As Confissões da Bahia - Ronaldo Vainfas
Nesta coletânea de documentos inquisitoriais organizada pelo historiador Ronaldo Vainfas, nós somos apresentados às anotações da Igreja Católica no fim do século XVI, sobre os “pecados” cometidos pela população baiana. Ganhei de presente em 1997 e foi ali que nasceu a ideia de, um dia, fazer uma versão em quadrinhos daqueles documentos. Após vinte e seis anos, foi o que eu fiz, e este ano o romance gráfico As Confissões da Bahia (em quadrinhos) já ganhou dois prêmios.
Os Livros da Magia - Neil Gaiman
Série de quadrinhos escrita Gaiman, mesmo autor de “Sandman”, conta a história do adolescente Timothy Hunter e sua descoberta como um mago predestinado. Muito anterior a “Harry Potter”, e provavelmente uma inspiração para J. K. Rowling. Mais do que uma mera aventura mágica, “Os Livros da Magia” traz reflexões filosóficas e existenciais instigantes.
Entrevista com o Vampiro - Anne Rice
Uma das principais responsáveis por me apaixonar por literatura, Anne Rice escreveu “Entrevista” em um processo catártico após a morte de sua filha, vitimada por leucemia. A pequena Claudia, vampira que não pode crescer, é a representação dessa filha perdida. A tradução feita por Clarice Lispector para a edição brasileira faz desse um livro imperdível e impecável.
A Hora das Bruxas - Anne Rice
Devo ter lido esse livro pelo menos cinco vezes. Com um detalhamento impressionante, acompanhamos incontáveis gerações de bruxas de uma mesma família ao longo dos séculos. A capacidade que Anne Rice tinha de criar elo entre o leitor e os personagens é algo admirável e que sempre me serviu de referência.
2001 - Arthur C. Clarke
Este é o livro que me fez tomar a decisão de me aventurar na escrita de ficção fantástica. Arthur C. Clarke foi e é uma grande inspiração para mim, graças ao ponto comum presente em todas as suas histórias: a humanidade é apenas uma etapa para algo maior e pós-humano que está por vir.
Preacher - Garth Ennis
O humor terrível, herético e de gosto duvidoso de Garth Ennis sempre me atraiu e sem dúvida me influencia muito. Em “Preacher”, somos apresentados a um pastor possuído por uma entidade resultante do cruzamento de um anjo com um demônio. Dotado de um poder irresistível, o pastor parte em busca de Deus para tirar satisfações, tudo isso ao lado de sua amante e de seu melhor amigo – um vampiro.
O grande, gostoso, quente úmido livro do sexto - Vários autores
Trata-se de obra recente, organizada pela Quanta, escola de quadrinhos em São Paulo. Nesta antologia de quadrinhos, diversos roteiristas e ilustradores expõem sempudores e falsos moralismos as relações sexuais de diferentes indivíduos. Tem sexo hetero, gay, lésbico, sexo entre idosos, sadomasoquismo. O único ponto em comum: tudo consensual entre adultos. Com consentimento e desejo, como uma obra assim pode ser ruim?
Franjinha: Contato - Vitor Cafaggi
Este romance gráfico da coleção MSP (2022) foi escrito e roteirizado pelo brasileiro Vitor Cafaggi e é, sem sombra de dúvida, uma das coisas mais lindas que eu já li em toda a minha vida. Conta a história do personagem Franjinha, da Turma da Mônica, de uma forma que eu jamais imaginaria. Tente em vão segurar as lágrimas no final, principalmente se você, como eu, foi um aspirante a cientista quando criança.
Gibi de menininha - Várias autoras
Uma das séries de quadrinhos mais divertidas já feitas no Brasil. De autoria exclusivamente feminina, todos os anos ganha – merecidamente - o Troféu HQMIX. O nome é uma clara ironia ao modo pejorativo de se referir a “coisas de menina” e as histórias são um delicioso escracho com muito erotismo e boas doses de terror. Ótimo antídoto contra falsos moralismos.