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Crítica: A Vizinha Perfeita (Netflix)

Documentário dirigido por Geeta Gandbhir mergulha de forma crua e direta na tragédia que se desenrolou no subúrbio de Ocala, Florida, nos Estados Unidos. Foto: Divulgação

As séries e docs de true crime estão em todos os streamings, mas algumas realmente merecem destaque, como é o caso de A Vizinha Perfeita, de Geeta Gandbhir, que estreou em 2025 na Netflix.

O assassinato covarde de Ajike “AJ” Owens, mãe negra de quatro filhos, pela vizinha branca e com aspecto “frágil” Susan Lorincz. A narrativa é construída quase exclusivamente a partir de filmagens de câmeras corporais da polícia, gravações para a polícia, além de vídeos de segurança.

Um dos méritos mais importantes é sua capacidade de mostrar como o racismo não aparece apenas como ato isolado, mas como parte de um sistema que tolera, invisibiliza ou trata de forma distinta as pessoas negras e seus conflitos cotidianos – coisas absurdamente comuns viram prato cheio para destilamento de ódio racista

A vizinha branca chamava repetidamente a polícia com queixas contra crianças negras que brincavam próximo à sua casa — queixas que, segundo o material, eram em muitos casos infundadas ou exageradas.

A vítima, AJ Owens, e seus filhos enfrentavam esse assédio contínuo, e o documentário escancara que a resposta policial a essas queixas foi muito mais leve do que poderia ter sido caso a situação fosse invertida.

A Vizinha Perfeita é destes documentários que incomoda, pertuba, mas é extremamente poderoso e necessário. Ele cumpre o papel de mostrar como o racismo estrutural se manifesta no cotidiano de todos, seja no bairro, na casa, na chamada à polícia em tudo!

A obra serve como alerta de que a injustiça racial não é apenas histórica, mas continua a operar nas relações cotidianas, especialmente quando o trato institucional é desigual.

Parece o Brasil, né? Como diz a letra do Black Pantera “como ficar imune a tanto ódio, se todo dia tem um episódio”?

Nota do crítico: 10.

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