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Crítica: Desobedientes (Netflix)

Criada e protagonizada por Mae Martin, minissérie, uma das mais vistas da plataforma, tem Toni Collete em mais uma atuação espetacular. Foto: DIvulgação.

Desobedientes, lançada em setembro de 2025 pela Netflix, é mais um fenômeno da plataforma em audiência. Criada por Mae Martin, a minissérie de oito episódios se passa na fictícia Tall Pines, uma ex-comunidade rippie.

Ambientada no início dos anos 2000, o seriado mostra o casal, formado pelo policial Alex Dempsey (Martin, com uma semelhança absurda com Kiefer Sutherland 30 anos mais novo) e sua mulher grávida na busca por um local tranquilo para o nascimento do filho.

Tall Pines também é o nome da “escola” para adolescentes-problema, cercada de mistérios e desaparecimentos de jovens ao longo dos anos. Desobedientes, que no original é Wayward (que também significa Rebeldes – imagino que não iam querer essa confusão com a novela mexicana) tem provocado debates intensos por onde passa.

O destaque é, sem dúvida, o roteiro, livremente inspirado em fatos reais (a seita lembra muito os seguidores de Charles Mason, por exemplo), mas os atores adolescentes e a sempre ótima Toni Collette, interpretando a mentora da seita, fazem da minissérie uma das grandes estreias de 2025.

Além das atuações, o que prende o público não é apenas o mistério, mas o modo como ele se constrói. Desobedientes não é uma caricatura do fanatismo, mas uma análise delicada das zonas cinzentas entre fé, manipulação e, claro, poder.

Visualmente, a minissérie também agrada, com uma fotografia apostando em tons frios e uma luz quase ritualística, enquanto a trilha sonora – toda calcada em sucessos do pop/rock estadunidense do início dos anos 2000 (a cena mencionando o Creed é hilária) – nos transporta para o ambiente em que ela se passa.

Desobedientes é intensa sem ser exagerada, misteriosa sem ser confusa, espiritual sem ser doutrinária. O resultado é uma obra madura, hipnótica e emocionalmente profunda — um convite a repensar o que chamamos de “verdade”. Porque, às vezes, o verdadeiro ato de fé é desobedecer – ou, ao menos, questionar.

Nota 10

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